Horário de Verão e Economia de Energia
De acordo com o estudo do ONS, o horário de verão pode reduzir a demanda de eletricidade em até 2,9% e adiar o pico de consumo em até duas horas. Essa medida é vista como uma forma de flexibilizar o setor elétrico, especialmente durante os horários críticos de maior demanda, que ocorrem entre 17h e 20h. O potencial de economia para a operação do ONS é de aproximadamente R$ 400 milhões, mas especialistas alertam que isso não se traduz em uma redução na conta de luz para os consumidores.
Victor Hugo iOcca, diretor de energia elétrica na ABRACE, destaca que o horário de verão não necessariamente ajudará a baixar as tarifas, mas poderá evitar maiores problemas, como blackouts, especialmente em momentos críticos do dia.
Mudança no Perfil de Consumo
Uma das questões levantadas por iOcca é a mudança no perfil de consumo de eletricidade no Brasil. Com o aumento da temperatura, a demanda por ar-condicionado e refrigeradores cresceu, alterando os horários de pico de consumo. Agora, um novo horário crítico se estabeleceu entre 14h e 15h, sobrecarregando ainda mais o sistema. Esse fenômeno mostra como as demandas energéticas estão evoluindo e como é crucial adaptar as estratégias de consumo.
Desafios da Matriz Energética
Nos últimos dez anos, a matriz energética brasileira passou por transformações significativas, com um aumento considerável na presença de energias renováveis, como a solar e a eólica. Em 2019, a capacidade de geração solar era de apenas 5 GW, e em agosto de 2024, alcançou impressionantes 47 GW. Contudo, essa intermitência na geração de energia renovável pode criar lacunas na produção, especialmente em horários de alta demanda.
Os Perigos da Dependência Hidrelétrica
O aumento na demanda por energia durante o segundo pico do dia leva as hidrelétricas a operarem em potência máxima. No entanto, os reservatórios enfrentam níveis baixos devido à escassez de chuvas, colocando em risco a segurança energética do país. Quando o ONS se vê em uma situação crítica, é necessário recorrer a termelétricas, que são mais caras e menos sustentáveis.
A Necessidade de Reserva Operativa
Em momentos de sobrecarga no sistema, como a previsão de outubro e novembro, o operador elétrico pode ser forçado a entrar em uma “Reserva Operativa”. Esse mecanismo de emergência é essencial para evitar que o Brasil enfrente apagões, mostrando a vulnerabilidade do sistema energético atual. O horário de verão poderia oferecer um alívio, mesmo que pequeno, para essas situações críticas.
O Divisor de Águas na Sociedade
A opinião pública sobre o horário de verão é polarizada. Em 2022, uma enquete realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou que 73,9% dos respondentes eram favoráveis ao retorno. Além disso, uma pesquisa da Abrasel apontou que 54,9% dos entrevistados apoiam a volta ainda este ano. A mudança é bem vista por muitos, que acreditam que o horário de verão proporciona mais tempo livre para lazer e atividades físicas.
Impactos no Setor de Serviços
Para o setor de serviços, especialmente bares e restaurantes, o horário de verão é visto como uma oportunidade de aumento no faturamento, podendo chegar a 15%. A Abrasel formalizou seu apoio ao retorno, enfatizando os benefícios que a mudança pode trazer para o setor.
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