Na recente Cúpula do Futuro da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente, evidenciando as limitações e a falta de eficácia dos órgãos multilaterais. Em um momento em que o mundo enfrenta crises interligadas, como pandemias e conflitos armados, suas palavras ressoam como um chamado à ação. Mas o que realmente significa essa crítica à ONU e quais são as implicações para o futuro das relações internacionais?
A Fala de Lula na Cúpula do Futuro
Durante a Cúpula do Futuro, realizada em Nova York, Lula destacou que o Pacto para o Futuro, que será assinado por líderes mundiais, indica um caminho, mas peca pela ausência de “ambição e ousadia”. Para ele, as instituições globais precisam de transformações estruturais urgentes. A crítica à governança global se torna ainda mais relevante em um cenário marcado por crises como a guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio.
A Crise da Governança Global
Lula observou que a pandemia e a corrida armamentista expuseram as fragilidades das instâncias multilaterais. “A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade”, disse ele, chamando a atenção para a falta de autoridade das organizações para implementar suas decisões. Essa realidade compromete a eficácia das ações e iniciativas que poderiam ser adotadas para resolver crises emergentes.
Desafios do Conselho de Segurança
O presidente brasileiro também criticou o Conselho de Segurança da ONU, enfatizando que sua legitimidade é comprometida pela aplicação de padrões duplos e a omissão diante de atrocidades. Em um momento em que o mundo necessita de unidade e colaboração, a incapacidade de aprovar resoluções, especialmente em relação a conflitos como o de Israel e Hamas, reflete uma crise de governança que não pode ser ignorada.
Pontos Positivos do Pacto do Futuro
Por outro lado, Lula apontou aspectos positivos do Pacto do Futuro, que aborda temas críticos como a dívida dos países em desenvolvimento e a tributação internacional. A criação de um espaço de diálogo entre líderes de estado e instituições financeiras é uma proposta que promete reposicionar a ONU como um ator central nas discussões econômicas globais.
Governança Digital e Inclusiva
Outra questão levantada foi a necessidade de uma governança digital inclusiva que mitigue as desigualdades geradas pela economia baseada em dados e pela revolução tecnológica. O presidente defendeu que a adoção de uma abordagem ética em relação às novas tecnologias, como a inteligência artificial, é crucial para garantir que os benefícios sejam amplamente compartilhados.
Compromissos com os Direitos Humanos
Em seu discurso, Lula reafirmou a importância de não retroceder na agenda de direitos humanos e na promoção da paz. Ele alertou sobre a necessidade de combater a fome que afeta milhões e de não permitir que divisões ideológicas ditem o futuro do mundo. O compromisso com a igualdade de gênero e a luta contra o racismo são imperativos que não podem ser negligenciados.
Urgência em Reformas Multilaterais
Ao longo dos últimos 20 anos, a agenda de reformas no sistema da ONU avançou lentamente, segundo Lula. Medidas como a criação da Comissão para Consolidação da Paz e do Conselho dos Direitos Humanos são passos positivos, mas ainda insuficientes frente aos desafios globais que se avizinham.
A Necessidade de Ação Coletiva
Lula concluiu seu discurso ressaltando que, se mantido o ritmo atual, as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se tornarão o “maior fracasso coletivo”. Para mudar essa trajetória, ele propôs uma aliança global contra a fome e a pobreza, a ser lançada durante a presidência do Brasil no G20, enfatizando a urgência de ações coordenadas.
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