A volta do horário de verão é improvável no curto prazo, mas especialistas discutem seus impactos e alternativas para o sistema elétrico

Volta do Horário de Verão: Uma Análise Completa

A volta do horário de verão sempre foi um tópico de intenso debate no Brasil. Embora sua implementação tenha sido uma prática comum, a sua reaparição no curto prazo parece cada vez mais improvável. O que está por trás dessa decisão? Será que o retorno do horário de verão traria benefícios reais para o sistema elétrico e para a economia do país? Vamos explorar essas questões e entender melhor o impacto dessa política.

Volta do Horário de Verão: Improvável no Curto Prazo

Recentemente, a possibilidade de retorno do horário de verão voltou a ser discutida, mas de acordo com fontes do governo, é considerado improvável que essa política seja reinstaurada no curto prazo. A principal razão para isso é que o horário de verão exige um planejamento extenso, que inclui negociações com companhias aéreas e ajustes em diversos setores.

A política de horário de verão geralmente começava em outubro e ia até fevereiro, com o objetivo de aproveitar melhor a luz do dia e reduzir a demanda por energia elétrica durante os períodos de pico. Com o cenário hidrológico atual, onde o país enfrenta condições desfavoráveis que forçam o uso de termelétricas caras, o governo está procurando outras soluções para aumentar a confiabilidade do sistema elétrico.

Impactos no Sistema Elétrico

O argumento principal para o possível retorno do horário de verão é que ele poderia ajudar a reduzir a demanda no horário de pico e, consequentemente, aliviar a pressão sobre o sistema elétrico. No entanto, o governo já está buscando outras estratégias para melhorar a confiabilidade do sistema, sem depender imediatamente do retorno dessa política. Um exemplo disso é o avanço do programa Resposta da Demanda (RD), que permite a grandes consumidores oferecerem redução de demanda em troca de uma remuneração.

Especialistas Opinam Sobre o Horário de Verão

O ex-diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, que deixou o cargo recentemente, menciona que estudos realizados anualmente a pedido do governo federal mostram que os benefícios energéticos do horário de verão são pequenos. Ele aponta que, apesar de uma possível economia de energia, a diferença é mínima e não justifica o retorno da política. Ciocchi também menciona que outros benefícios, como o estímulo ao turismo, devem ser considerados.

A Visão dos Especialistas

O sócio da CBIE Advisory, Bruno Pascon, concorda que a retomada do horário de verão poderia oferecer algum alívio, mas nada substancial. Segundo ele, o objetivo original de deslocar o pico de consumo para horários em que o uso de energia é menor foi parcialmente alcançado, mas o impacto atual é muito reduzido devido às mudanças no comportamento do consumo de energia, como o aumento do uso de ar condicionado.

Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel, acredita que o horário de verão deveria ter sido mantido, especialmente dado o cenário atual de escassez hídrica. Para Santana, a política ajudaria a gerenciar melhor a demanda durante o período crítico do dia, embora não ofereça uma solução excepcional.

A Perspectiva de Luiz Eduardo Barata

Luiz Eduardo Barata, ex-diretor-geral do ONS, também defende a política do horário de verão. Ele argumenta que a medida poderia reduzir a necessidade de geração de energia por termelétricas. Barata ressalta que a decisão de encerrar a medida foi mais política do que técnica e acredita que a situação climática atual não mudará abruptamente.

Desafios do Sistema Elétrico Atual

Atualmente, o Brasil enfrenta desafios com reservatórios de hidrelétricas mais baixos e temperaturas elevadas, que aumentam o consumo de energia. O preço da energia tem subido, especialmente no final da tarde, quando a demanda atinge seu pico. Na semana passada, o preço spot da energia chegou a R$ 712 por megawatt-hora às 18 horas.

O Papel das Fontes Intermitentes

Alexei Macorin, presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica, observa que o país tem integrado mais fontes intermitentes de energia, como solar e eólica, que não estão sincronizadas com a demanda. Macorin também vê o horário de verão como uma solução potencial para aliviar o sistema durante os períodos de pico.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *