O Futuro do Trabalho: Como a Geração Z Está Mudando Tudo
Recentemente, um grande banco anunciou que iria reduzir parte de seu pessoal, com um critério importante sendo a disposição para voltar ao trabalho 100% presencial. Essa decisão acendeu uma luz vermelha gigantesca nos departamentos de recursos humanos das empresas. Afinal, será que estamos retornando ao “velho normal” ou estamos entrando em uma nova era de trabalho?
Este cenário reflete uma mudança profunda que ocorreu na sociedade durante a pandemia. Especialistas em recursos humanos afirmam que o antigo normal nunca mais será o padrão. O futuro do trabalho será moldado por uma variável crucial: a mudança das gerações no comando e em diversos postos dentro das empresas. Segundo Marisabel Ribeiro, diretora executiva de estratégias de talentos da Mercer, essa transformação é inevitável.
Geração Z e o Futuro do Trabalho
Com uma receita anual de US$ 4,5 bilhões, a Mercer é uma consultoria presente em 140 países que realiza levantamentos anuais para identificar novas tendências. O Global Talent Trends 2024 aponta que até 2030, a Geração Z (nascidos após o ano 2000) representará um terço dos postos de trabalho. Até 2025, a Geração Y (nascidos depois dos anos 80) ocupará 70% das vagas. Com esse cenário, os planos de alguns setores para retornar completamente ao “velho normal” são inviáveis, pois essa nova geração valoriza a qualidade de vida e não abrirá mão disso.
O Impacto da Mudança nas Empresas
Diante dessa nova realidade, as empresas terão que mudar seu foco. Antes, o workaholic era um modelo a ser seguido; agora, as condições de trabalho mais flexíveis e que previnam o burnout estão se tornando mais valorizadas. Marisabel Ribeiro afirma que a mudança afeta até o foco das empresas, que antes estava voltado para o cliente, e agora precisa se concentrar em seus colaboradores em primeiro lugar. Estratégias voltadas para o bem-estar dos funcionários podem reduzir o absenteísmo em 41% e a rotatividade em 24%.
Resistência e Adaptação: Setores em Divergência
Embora haja uma resistência à flexibilidade em alguns setores, como serviços financeiros e agronegócio, startups e consultorias estão mais adaptadas aos modelos que priorizam aspectos humanos e flexibilidade. Marisabel Ribeiro destaca que o avanço das novas gerações pressionará cada vez mais pela flexibilização em todos os setores. A adaptação é essencial, pois já experimentamos o home office 100%, o modelo híbrido e a resistência ao retorno ao trabalho presencial total.
Dores da Mudança Geracional
A geração X, que comanda muitas organizações atualmente, pode se sentir jovem e moderna, mas frequentemente enfrenta dificuldades em lidar com a Geração Z. Essa nova geração, muitas vezes, não está interessada em cargos de liderança que envolvam a gestão de equipes, e pode se engajar em um fenômeno global conhecido como “quiet quitting”, ou demissão silenciosa, devido à falta de engajamento no trabalho.
O Desafio da Atração de Talentos
As características geracionais estão começando a impactar a atração de talentos. Empresas de recrutamento enfrentam dificuldades para selecionar candidatos para cargos altos em boas empresas. Camilo Zanette, diretor-executivo da Croma Consultoria de Recursos Humanos, menciona que candidatos podem rejeitar propostas que exijam trabalho 100% presencial, mesmo que a empresa ofereça um bom salário.
O Modelo Híbrido e a Revolução do Trabalho
De acordo com o estudo Global Talent Trends 2024, até o final do ano passado, 65% das empresas já operavam em sistema híbrido, 23% em modelo presencial total e 12% remoto total. A contratação de Brian Niccol como novo CEO da Starbucks, que exigiu home office total, sinaliza que o modelo presencial está sendo desafiado até mesmo em altos cargos. As adaptações estão em andamento, e o conceito de “sextou” já indica que, se as empresas não se adaptarem, seus funcionários o farão.
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