Queimadas e seca histórica no Brasil afetam empresas da Bolsa; saiba como seguradoras, agro e transportes estão sendo impactados

Queimadas e Seca no Brasil: Como e Quais Empresas da Bolsa São Afetadas?

O Brasil enfrenta uma das secas mais severas de sua história, acompanhada de queimadas que estão afetando diretamente diversos setores da economia. As notícias sobre o tempo quente fora de época e as queimadas têm sido destaque nas últimas semanas, trazendo impactos significativos na geração de energia e na produção das safras. Analistas estão atentos às consequências e traçam cenários para empresas listadas na Bolsa Brasileira, que estão lidando com desafios únicos.

Impactos Imediatos nas Concessões de Serviços Públicos

A seca prolongada e a elevada demanda por energia têm duas implicações principais para as concessões de serviços públicos. Primeiro, há preocupações com a oferta, dado que a energia hidrelétrica, que representa dois terços da matriz energética do Brasil, está sendo substituída por térmicas. Segundo, os preços de energia estão subindo, com a expectativa de que os preços à vista superem R$ 200/MWh até o final de 2024. Empresas como a Eneva (ENEV3) se destacam como possíveis beneficiárias deste cenário, com previsões de mais despacho térmico devido à fraca previsão de chuvas.

O Papel das Seguradoras em Meio à Crise

As seguradoras estão em um momento crítico devido às altas temperaturas e ao aumento dos incêndios. O evento gerou uma demanda crescente por produtos de seguros, especialmente nos segmentos rural e patrimonial. Apesar de ainda ser cedo para avaliar o impacto total dos incêndios no estado de São Paulo, a alta participação de resseguradores no segmento rural deve ajudar a mitigar os sinistros totais. A BB Seguridade (BBSE3) está entre as principais empresas que poderão sentir os efeitos desses eventos em sua cobertura.

Agronegócio: Impactos no Setor de Grãos

No setor de agronegócio, as altas temperaturas e a baixa precipitação em setembro devem ter um impacto limitado no plantio das culturas de grãos, como a soja e o milho. Com apenas 4% da soja sendo plantada em setembro, o impacto imediato é menor, mas a persistência da seca pode aumentar os riscos para as safras de soja e milho no futuro. Consultores preveem uma produção de soja de 165 milhões de toneladas e de milho de 125 milhões de toneladas, destacando um aumento em relação ao ano passado. No entanto, os incêndios florestais recentes e o clima seco devem levar a uma produção menor de açúcar e álcool, o que pode sustentar os preços das commodities.

Transporte: Desafios para Rumo e Hidrovias do Brasil

Para o setor de transporte, a seca e a perda de safra podem afetar os volumes e rendimentos de empresas como Rumo (RAIL3) e Hidrovias do Brasil (HBSA3). Apesar de negociações com empresas de trading poderem ser adiadas para o final do ano, as empresas não esperam rendimentos mais baixos no curto prazo. No entanto, a situação pode levar a mais volumes no mercado à vista no próximo ano, aumentando os riscos de volume e preço.

Riscos Macroeconômicos e Inflação

O agravamento da seca e a redução dos níveis dos reservatórios devem levar a um aumento no uso de térmicas para geração de energia, impactando a inflação. O Bank of America (BofA) estima que o aumento nos custos térmicos terá um impacto de 28 pontos-base sobre o IPCA mensal de setembro. No entanto, o banco não espera encargos adicionais a partir de dezembro, com uma expectativa de “bandeira verde” e, portanto, sem impacto na inflação de 2024. A principal preocupação é com a agricultura, especialmente as culturas de soja e milho.

 

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