Haddad vê demora do Fed em cortar juros, mas diz que cenário externo deve desanuviar
O cenário econômico global tem enfrentado diversas frustrações e desafios, e o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) abordou essas questões em uma recente entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro” do grupo de comunicação estatal EBC. Em um momento de grandes expectativas e incertezas, Haddad ofereceu uma visão detalhada sobre como o ambiente econômico internacional e doméstico está impactando o Brasil e quais são suas previsões para o futuro próximo.
Desafios Externos e Expectativas Frustradas
O mundo está atravessando um período de frustrações econômicas, que têm afetado a dinâmica dos preços, incluindo a cotação do dólar. Haddad destacou que o Federal Reserve dos Estados Unidos tem sido mais lento do que o esperado para cortar as taxas de juros. Enquanto analistas previam um corte em março e o Ministério da Fazenda aguardava para junho, a realidade mostrou um atraso significativo, com até mesmo discussões sobre possíveis aumentos nas taxas.
Esse atraso e a subsequente incerteza têm gerado um “problema de comunicação e descoordenação grande”, como colocou Haddad. Em um cenário em que a economia global está tensa, essa situação cria um ambiente desafiador para economias emergentes como o Brasil.
Impacto das Decisões do Banco do Japão
Além das questões relacionadas ao Fed, Haddad mencionou outras preocupações externas que impactam o Brasil. A alta dos juros promovida pelo Banco do Japão e as indicações de desaceleração da economia chinesa também contribuem para um ambiente mais tumultuado. Esses fatores externos têm efeito direto sobre os preços das commodities e, consequentemente, sobre a economia de países emergentes com características semelhantes ao Brasil.
Desafios Internos e a Herança Fiscal
No plano interno, Haddad não poupou críticas à herança fiscal deixada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). A gestão fiscal anterior deixou questões pendentes como os precatórios e novas despesas contratadas sem fontes de receita claramente definidas, como o novo Fundeb. Esses problemas internos também têm impacto direto no mercado de câmbio, contribuindo para a volatilidade do dólar.
Expectativas de Melhoria a Partir deste Mês
Apesar dos desafios, Haddad expressou uma visão otimista para o futuro próximo. Ele acredita que as condições econômicas, tanto internas quanto externas, devem começar a melhorar a partir deste mês. A expectativa é que a situação externa se desanuvie, e isso, combinado com medidas internas, possa criar um ambiente mais favorável para o Brasil.
Gestão do Câmbio e Intervenções do Banco Central
Sobre a gestão do câmbio, Haddad comentou que, no modelo atual de sistema flutuante, o Banco Central tem a liberdade de realizar intervenções quando necessário. No entanto, ele sugeriu que essas intervenções devem ser feitas com parcimônia. “O Banco Central tem feito muito pouco ─ e tem que ser parcimonioso mesmo nisso”, disse Haddad, indicando que uma abordagem cautelosa é fundamental para manter a estabilidade.
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