Brasil pode perder o Pantanal até o fim do século devido às mudanças climáticas, queimadas e desmatamentos. Entenda os desafios e soluções propostas.

Brasil pode perder o Pantanal até o fim do século, alerta Marina Silva

O Pantanal, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do Brasil, está ameaçado de desaparecer até o final deste século, de acordo com uma declaração alarmante feita por Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Em uma audiência pública realizada na Comissão de Meio Ambiente do Senado, Marina Silva detalhou como as mudanças climáticas, associadas a fenômenos como baixa precipitação, altas temperaturas e a intensa evapotranspiração, estão colocando em risco esse ecossistema crucial.

Mudanças climáticas e o futuro do Pantanal

Durante a audiência, Marina Silva destacou que as mudanças climáticas e suas consequências são um dos principais fatores que contribuem para o desaparecimento do Pantanal. As previsões dos pesquisadores são desoladoras: se as tendências atuais persistirem, o Pantanal pode não sobreviver até o final do século. A combinação de baixa precipitação e processos elevados de evapotranspiração está resultando na perda gradual da vegetação, exacerbada por queimadas e desmatamentos.

A necessidade urgente de um marco regulatório

Marina Silva também fez um apelo ao Congresso para criar um marco regulatório de emergência climática. Esse marco é visto como essencial para enfrentar a crise ambiental e proteger biomas como o Pantanal, especialmente em um cenário em que 1.942 municípios estão em situação de risco climático extremo. Ela destacou que a proteção dos biomas é crítica não apenas para a biodiversidade, mas também para a estabilidade climática e hídrica do país.

A crise hídrica e os desafios do Brasil

Os processos de seca estão se tornando cada vez mais intensos e frequentes. A situação é alarmante, com nove estados brasileiros enfrentando escassez hídrica severa. Em agosto deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou um aumento de 144% nos focos de queimadas em comparação ao mesmo período do ano anterior. O governo está lutando para lidar com as condições desfavoráveis, tentando “empatar o jogo” em meio a uma seca severa e a uma combinação perigosa de fenômenos climáticos.

A interação entre seca, queimadas e desmatamento

A interação entre seca, queimadas e desmatamento está criando uma “química altamente deletéria” para o meio ambiente, como descrito por Marina Silva. A seca severa, a pior em 40 anos na Amazônia e em 74 anos no Pantanal, combinada com fenômenos climáticos como El Niño e La Niña, está agravando a situação. A ministra observou que a falta de cobertura vegetal, resultante de desmatamentos e queimadas, está intensificando a crise.

O papel dos brigadistas e a resposta governamental

Marina Silva elogiou o trabalho dos brigadistas e destacou a importância do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia e no Cerrado. O governo tem aumentado a contratação de brigadistas e lançado iniciativas como o Plano de Transformação Ecológica para enfrentar a crise. No entanto, a ministra também reconheceu que há uma necessidade contínua de políticas públicas baseadas em evidências e de colaboração com o setor privado para combater as queimadas.

A situação nas áreas de preservação permanente

A ministra abordou também a questão das áreas de preservação permanente (APPs). Segundo ela, a falta de preservação pode ser um empecilho para a economia e para a vida das pessoas, como demonstrado no Rio Grande do Sul. A degradação das APPs resulta em rios e lagos assoreados e agravamento da evapotranspiração, exacerbando os problemas ambientais.

A Amazônia e a mudança no perfil dos incêndios

A Floresta Amazônica está experimentando uma mudança no perfil dos incêndios, que agora afetam áreas com atividade agropecuária e vegetação não florestal. A ministra alertou que 85% dos incêndios ocorrem em propriedades privadas, e 15% em terras indígenas ou unidades de conservação. Este cenário reflete uma mudança severa no clima e uma crescente vulnerabilidade aos incêndios naturais.

Conclusão

A crise enfrentada pelo Pantanal é um microcosmo dos desafios ambientais mais amplos que o Brasil e o mundo enfrentam. A combinação de mudanças climáticas, queimadas, e desmatamento está criando um cenário ameaçador para um dos biomas mais importantes do planeta. As declarações de Marina Silva destacam a necessidade urgente de ação, tanto em nível governamental quanto em colaboração com o setor privado e a sociedade civil.

O futuro do Pantanal e de outros biomas depende da capacidade de implementar políticas eficazes e de enfrentar as crises climáticas e ambientais com determinação. A criação de um marco regulatório de emergência climática pode ser um passo crucial para proteger esses ecossistemas vitais. A luta pela preservação do meio ambiente é uma responsabilidade compartilhada e crucial para garantir a sustentabilidade e a biodiversidade para as futuras gerações.

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